5 de abril de 2011

Sonhe, apenas sonhe.


Quando eu era pequena, tinha uma visão totalmente ilusória do que seria maturidade. Crescer é tão fácil que faz parecer que tudo será colorido para sempre - bom, hoje em dia é né, mas agradeço por não ter existido Restart na minha infância.
Aos dez anos, acreditava que aos 22 seria uma veterinária casada com dois filhos e três cachorros. Aos 15 resolvi que seria uma advogada impiedosa e independente; e tenho que falar: cheguei a dedicar boas horas do meu tempo lendo o código penal, só pra adiantar as coisas. Aos 17 resolvi que seria jornalista, e minha ambição era assumir o posto de Marcos Losekann quando ele se aposentasse - ainda está em tempo, mas a ambição já é outra. Mas aos 20, eu percebi que gosto mais de gente morta do que viva... Ok, CSI mexeu um pouco com a minha mente, mas de fato eu gosto de Ciência Forense e pretendo estudá-la um dia mesmo que seja por diversão. Agora a beira dos 21 resolvi que vou fazer História (sim acredite, eu vou) assim que terminar Comunicação.
Em alguns momentos eu num tenho certeza nem do que quero para o jantar, mas quando era criança sabia exatamente onde e quando queria fazer tais coisas, e de fato as fazia. Agora eu me pergunto: pra onde foi toda essa garra ? Acho que o tempo e as responsabilidades fazem com que a gente se esqueça de sonhar, de acreditar, de ter fé. 
Eu me via com dez quilos a menos, 20 centímetros a mais, um sorriso estonteante e cabelo (ao natural) na cintura! Sonhava em fazer todos os tipos de coisas, de tocar "Hotel California" no violão e aulas de teatro, à atirar e aprender kung fu. A ultima vez que peguei no violão, arregacei com as cordas e estou enrolando o teatro há um mês. Do jeito que sou desastrada posso atirar em mim mesma, mas ainda considero o kung fu. Amava o campo por não conhecer a praia nem o agito da metrópole onde morava. Hoje em dia, não há um fim de semana que passe em casa, a noite me chama e sou 'obrigada' a atender. Gosto do inverno no campo, de não ter sinal no celular as vezes e o som do mar parece me levar a outro mundo. Eu desisti da veterinária faz tempo, com certeza não estarei casada aos 22 porque aos 16 descobri que isso era besteira, mas tenho três gatas gordas e preguiçosas igual a dona! Uma delas é meio nazista, mas isto é um caso a parte. 
Tem aquelas horas que quero estar rodeada de pessoas, todas elas, e cada uma dizendo o quanto eu sou importante e especial. Em outras horas, quero morrer se alguém disser que estou bonita ou algo do tipo. Isso é terrível, mas também não é a questão do momento.
Nos dias atuais é muito difícil manter o foco; o mundo muda, as pessoas mudam, as necessidades, os desejos, tudo é passageiro. Eu realmente espero conseguir fazer tudo que tenho vontade, e as vontades que ainda virão daqui pra frente. E mesmo que fique velha para o kung fu, talvez não fique tão velha assim para o violão. Mesmo que esses desejos algum dia desapareçam, outros virão.
O que importa não é o quanto se deixa para trás, é manter essa inocência e acreditar que dá para mudar o mundo plantando uma árvore. É não desistir de tudo e sair por aí levianamente e sem destino. Algumas pessoas se perdem quando seus sonhos são roubados, outras tentam se perder mas têm medo, e outras, mais sábias, tiram disso a oportunidade parar criar novos sonhos, novas metas, novas compensações. 
Essa é a chave, acredite. 

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