Butterfly
Mais uma vez eu me peguei perdida em pensamentos que não são mais meus.
Me perguntando se houve algum momento em que eu deixei minha luz escapar, ou passei o brilho para outro. Enfim, são aquelas coisas que nunca temos respostas. Do mesmo modo que eu não entendo como uma criança pode sentir o que se passa no coração de alguem com um simples olhar.
Estou com as minhas meninas essa semana; passo os dias assistindo desenho animado, fazendo cabelo em bonecas, desenhando no final da tarde e cuidando pra que elas fiquem felizes. Criei minha trilha sonora na base de voz e violão para que elas não insistam em escutar Justin Bieber (e já aprenderam a cantar Jason Mraz). Me sinto uma irmã mais velha brincando de mãe. Cuidando, colocando pra dormir, fazendo cócegas e as vendo sorrir. Sei lá, essa vida tá me fazendo bem.
E no meio disso eu percebi que tem algo nelas - algo que nós mais crescidinhos já não sentimos mais -, uma sensibilidade além do comum. Como se elas vissem através de mim, e entendesse mais do que eu mesma o que se passa na minha cabeça, no meu coração. É estranho; um dia desses me trouxeram o desenho de uma familia que significou muito mais do que um simples "rabisco". E estão sempre me vendo como uma borboleta. Pra mim, isso simboliza o meu desejo de liberdade, de voar e encontrar outros caminhos, mesmo que essa aventura não dure muito tempo.
Não sei, talvez eu esteja vendo demais onde há apenas a inocencia de uma criança. Talvez não. Mas tudo isso me faz querer ser mais do que eu sou, me faz ver as coisas de uma maneira simples. A resposta pra tudo está escondida nos pequenos detalhes da vida. Meus detalhes estão cada vez maiores, e as perguntas cada vez mais sem sentido. E acho que talvez seja mesmo a hora de voar pra longe, me perder, me achar. E sozinha, pois a unica pessoa que pode me entender sou eu mesma.
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